FEMUSESC: FESTA FECHADA PARA CONVIDADOS

O FEMUSESC é um festival de música considerado o maior e mais importante festival de Alagoas. Este ano, nos dias 13 e 14 de março, tivemos a 11ª edição do festival, com apresentação de músicas produzidas em Alagoas, além de O Teatro Mágico e Jorge Vercilo. Todas as músicas selecionadas para o festival são gravadas em CD e DVD e participam do Projeto Circulação SESC de Música Alagoana, com apresentações em cidades alagoanas. A música vencedora (de quê?) representa Alagoas no FEMUCIC, em Maringá-PR.
O FEMUSESC começa sua bagunça pelo nome. Em anos anteriores, ele era anunciado como festival, porém sua sigla foi modificada para Festa da Música do SESC. Ora, se mudou de nome, então estamos na 11ª edição do festival ou da festa? As pessoas ainda falam “o” FEMUSESC, mas, agora, deveria ser dito “a” FEMUSESC. Porém esta mudança de “Festival” para “Festa” foi criada para legitimar as contradições de um evento no mínimo estranho.

De toda forma, “a” ou “o” FEMUSESC é muito desorganizado! Não possui edital que defina os critérios, as notas para cada quesito e outras informações para que as músicas sejam escolhidas de maneira justa.

Em 2009, foram inscritas 270 músicas, até 13 de fevereiro. Três dias depois, em 16 de fevereiro, as canções selecionadas para se apresentar no estacionamento do Jaraguá já estavam arroladas no site do SESC. Ora, como ouvir e julgar 270 músicas num final de semana apenas? Quais foram os critérios de eliminação?

Como as canções são escolhidas, atualmente? Pelo famoso “Q.I.”, o “Quem Indica”. Um ex-funcionário do SESC descortinou para este escriba como funciona.

Num FEMUSESC passado, havia uma comissão para escolher a música vencedora. Nesta comissão havia um professor da Universidade Federal de Alagoas. Ao final das apresentações, o professor votou numa determinada canção, mas foi “encorajado” a observar melhor para uma outra. O professor, após uma certa pressão, votou na canção que o pessoal do SESC queria!

Também num FEMUSESC passado, um cantor inscreveu a gravação apenas de sua voz, sem acompanhamento de instrumento algum. E foi selecionado! Enquanto isto, outras bandas gastam seus parcos recursos em horas de estúdio para gravar algo de qualidade e não são selecionadas. Ademais, como música instrumental concorre com música mista (instrumental e vocal)? A letra e os arranjos das canções são analisados? Um cantor ou uma banda já conhecida em Maceió tem mais chance de entrar no festival?

São questões pertinentes a fim de moralizar o FEMUSESC, que atualmente seleciona as pessoas pelo grau de conhecimento com os funcionários do setor de música do SESC. Uma dica: observem o edital do FEMUARTE, o Festival de Música e Arte de Garanhuns-PE. Percebam a diferença na organização de um festival. Tudo bem que o FEMUARTE cobra R$ 50 por música inscrita, mas, se o SESC consegue realizar um festival sem cobrar inscrição, que o faça da melhor forma possível!

Comentários

Bruno MGR disse…
Salomão, parabéns pela denúncia. Nunca havia ido a nenhuma edição do(a) Femusesc.
O que mais me chamou atenção foi o número de artistas que já haviam participado de alguma edição anterior do(a) mesmo(a).
Afinal, como mostrar as revelações do estado quando a maioria dos artistas se repetem com o passar dos anos. O vencedor, inclusive, tinha mais uma música concorrendo.
Esta é mais uma coisa que a falta de edital deixa como brecha.
Após a confirmação de um participante do ano passado que era muito "difícil" chegar à seleção final ficou ainda mais difícil acreditar na idoneidade da festa/festival se é que existe alguma.
E Salomão, faltou comentar que os organizadores defendem que o(a) Femusesc não é uma competição. Mas houve um vencedor, como se explica esta loucura?
Parabéns de novo pelo post.
Unknown disse…
Você tem toda razão em denunciar, em outro momento conversei com um músico alagoano, o mesmo contou-me, que não traz muitas novidades e sim um repeteco de artistas. E não sabe como julgam as músicas para haver um "vencendor", o que é muito estranho. A maneira como se expõe os talentos (novos ou antigos), sem edital, sem organização de fato. Registro meu apoio a sua denuncia, mesmo nem estando ai sempre.
E aproveito para engrandecer o que tenho em minha cidade, o verdadeiro festival (FEMUARTE), apesar de poucas edições, mas grandioso pela oportunidade que as revelações têm.
E o MALACADA vai tocar. Rs!
Em terreno como o nosso esse texto é no mínimo corajoso e fundamental. Creio que, principalmente, fundamental. São textos como esse que fazem com que as coisas evoluam. Já tinha ouvido algumas pessoas fazerem a mesma crítica mas nenhuma delas chegou a expressar publicamente isso.Não cheguei a ler o edital, mas como público tenho várias outras queixas a fazer: má produção, falta de respeito com o público...
Gostaria que esse texto atingisse mais pessoas e que não ficasse restrito a esse espaço. Quando tiver uma oportunidade eu falo com tu.
Parabens!
Anônimo disse…
O lado da festa que poucos conhecem, a denuncia é válida, não sei quais são os procedimentos legais para combater a prática do “Q.I.”

Infelizmente, vivemos em uma sociedade que o vale é ter e não ser, ou seja, você vale o que possui. Alguns podem colocar a culpa no chamado “jeitinho” brasileiro e alegar a falta de impessoalidade, mas, acredito que há outros elementos em jogo.

Não acho que o festiva deve ser moralizado*, a questão é organizar e fiscalizar para que todos possam concorrer de forma justa.

Acredita que um dia me disseram para não levar a sério os testes de “Q.I”. (?)

*remete a idéia de bem e mal.
Anônimo disse…
concordo sim com salomão e acredito que o (a) femusesc atualmente tem somente o proposito de atrair público, independente das músicas de artistas alagoanos.
vejo que essas músicas servem apenas como um propósito para se dizer que se valoriza a música alagoana, pois no fundo percebo que o que se vem fazendo é atrair público para se atrair patrocinadores, tanto que as pessoas dizem "vou pra o Jorge Vercílo" e muitos ainda reclamam da demora das músicas alagoanas executadas.
e por aí vai...
a gente já tinha conversado sobre né? enfim, concordo com o estêvão, texto fundamental.

agora, pare de puxar o saco pra tua terra menino!! oxe!!

tava conversando com um parceiro nosso, pernambucano, sobre cultura alagoana e pernambucana. talvez esteja ai um dos pontos mais importantes da diferença.
Anônimo disse…
Sem “alagoanar” ou “pernambucalizar” a discussão, estive no primeiro dia da festa – do festival – e o que o Ivo falou, mais acima, é o retrato fidedigno do que aconteceu nela (e).

E mais: o que vi lá foi uma passarela de caricaturas, que passou a impressão de algo orquestrado para agradar todos os públicos: desde a galera “um banquinho, um violão” até a linha do rap. Uma mistura interessante, mas claramente proposital.

Afora os aforismos, e embora gente de qualidade tenha subido ao palco, sobrou sim a sensação de que muitos artistas bons ficaram de fora.

Obs.: o mestre de cerimônia era patético.

Abraço.
Isolda.

www.malajornalistica.blogger.com.br
Marcus Mausan disse…
Muito bem Salomao! Realmente as coisas nao devem ser assim, 'e preciso mais respeito para com aqueles que lutam para fazer uma musica de qualidade! Musica 'e coisa seria!
Anônimo disse…
Muito bem Salomao! Essa era a atitude que eu esperava quando comentei antes, Denuncia!
Anônimo disse…
Pois é cara, sou alagoano, amo minha terra, mas cada dia que passa fico mais decepcionado com as pessoas que habitam nela... essa falha está presente em várias áreas por aki, é realmente triste ver quantos bons músicos alagoanos só fazem sucesso.... LÁ FORA, porque aqui mesmo nunca seriam revelados...
alagoas é um local que está praticamente transbordando de arte meus amigos... o que torna o esta situação mais deprimente ainda.
Anderson Santos disse…
Legal o texto. Realment e não lembro de ter lido uma matéria sequer sobre o edital do evento. Quanto mais os detlahes muito bem abordados por vc.

Por que não manda este texto par alguém de lá, para ver o que "oficialmente" justificam?

Ah, muito boa a mudança visual do blog, especialmetne a frase no final.

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